terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

De goleada (ou para o Valentine’s Day)

Sete de janeiro. Ou 07/01 (7x1). Como queiram.
O 7x1 é símbolo eterno da goleada que o Brasil sofreu contra a Alemanha, e é também o dia em que nasceu o alemão que mudaria a minha vida pra sempre. 

O assunto Copa do Mundo não é um tabu entre nós e vez ou outra ele faz essa piadinha pra me ver “brava”, e ri como uma criança se divertindo muito. Gostaria que um dia vocês pudessem ver a mesma cena que eu. 

Ele entrou na minha vida muito por acaso mas não foi por acaso que permaneceu. Eu relutei, briguei, desencorajei. Disse que éramos diferentes demais pra dar certo e ele sempre com um sorriso no rosto me dizendo: não somos tão diferentes como você pensa e se existem diferenças serão elas a nos ajudar. 
Ele tinha razão. Ele sempre tem razão nas coisas importantes. 

Somos um belo time porque somos cabeça e coração jogando pra ganhar. Tudo aquilo que fazemos juntos é divertido, seja cozinhar ou planejar uma viagem; seja viajar ou lavar roupa num fim de tarde. Foi a rotina que se criou em torno de nós que me fez ficar cada vez que pensei de sair. Foi a gentileza dele. Foi o sorriso tímido e o fato de ele me dizer que ainda vou matar ele de rir e que as bochechas estão lhe machucando, e aí eu gargalho e ele ri mais ainda. 

Com ele eu descobri que o amor mora na calmaria. Que se alguém te ama de verdade não faz joguinhos, não te diminui, não te deixa insegura. 
AMOR, com todas as letras maiúsculas mesmo. 

Que sorte a minha, em meio a tantos desencontros, ter encontrado ele, o meu 7x1. 



sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

O corpo que habito

Texto originalmente publicado na minha página do Facebook, em 13/12/2017
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O corpo é uma questão. Ampla e complexa, diga-se de passagem. 
Hoje, enquanto me vestia pra sair de casa (hajam camadas de roupa e paciência até o inverno acabar), tirei essa foto aí. Eu fui magra a maior parte da minha vida, pelo menos até os 28, 29 anos. Magra sem esforço, sem dieta, sem sofrimento. Comia o que queria mas nunca fui de grandes quantidades de coisa nenhuma. Doces, vez na vida outra na morte porque não sentia vontade. 
Até que em 2014 eu mudei de país. Tem gente que nunca muda nem de caminho, vejam só, mas eu pensei: porque não? 
Eu tive uma trombose venosa profunda em 2010 e foi um verdadeiro milagre que eu tenha escapado daquela situação sem sequelas, e escapando sem sequelas eu decidi que nunca mais deixaria as coisas importantes pra depois (o que dependesse só de mim, claro) porque eu não sabia se o depois ia chegar. 

Mudei. Mala e cuia. Vida nova. Vou ser feliz, pensei. 
Não fui. Era um relacionamento abusivo, e abuso não significa apenas agressão física (essa eu nunca passei, felizmente).Sofri muito. Chorei muito. Mudei por amor e com perspectivas de futuro mas as coisas deram errado. Normal, existe 50% de change das coisas darem errado mesmo. 

Bóra seguir em frente e recomeçar? Vamos! Como? Sei lá, mas um jeito tem que ter! 
“Todo mundo consegue”, eu ouvia. E dá-lhe comida. “Fulana encontrou um emprego depois de uma semana no exterior”. E dá-lhe comida. “Mas se separaram porque?”. E dá-lhe mais comida. Eu tinha medo de passar fome, embora nunca tenha acontecido, e por ter esse medo eu comia o tempo inteiro. Qualquer coisa, a qualquer hora e muito rápido. Quem me conhece sabe que eu sou uma lesma comendo. 
Lembro de mudar pra Portugal e ter chegado lá sem conhecer ninguém, com uma quantidade ínfima de dinheiro no bolso e com mil coisas pra fazer porque a vida tinha que seguir e se ajeitar. Era inverno quando eu me mudei. Muitas vezes eu saía no escuro e voltava tarde da noite procurando trabalho ou só vagando pela cidade. Morria de medo de andar nas ruas escuras (que são seguras, mas eu não conhecia nada). 
Achei uma casa. Pessoas realmente boas entraram no meu caminho. Conheci meu namorado. Amigos perto e longe me deram um suporte inestimável! Minha família sempre esteve ao meu lado, como em toda a minha vida. 
Mas foi duro. Foi triste. Desenvolvi compulsão alimentar. Depressão. Os abalos psicológicos que sofri talvez nunca mais sumam. Talvez desapareçam amanhã. 

Engordei 10kg. 
Quando voltei ao Brasil a coisa que mais ouvi foi: nossa, mas você engordou!! Estou chocada!! 
Pois é. É por isso que eu falo que o corpo é uma questão. Eu não engordei por descuido, por vontade, por não ligar. Eu estava sofrendo. Empatia é uma palavra que poucos conhecem porquê ainda somos melhores com a capa que com o conteúdo. 
Eu engordei sim, mas depois dos 10kg a mais encontrei amor, compreensão, mudei de país de novo, aprendi 3 novos idiomas e tô indo pro quarto. Vez ou outra eu perco uns quilos mas é sem dieta. 
Hoje me olhei no espelho e fiquei orgulhosa de mim, das minhas conquistas. Eu tenho 32 anos, caí 1000 vezes, me levantei com todo o suporte do mundo mas tô aqui. 

E você? 


sábado, 27 de janeiro de 2018

E o racismo?

Texto original publicado na minha página do Facebook, em 07/12/2017
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Passei uns dias longe do facebook. Deletei a conta mesmo. Voltei ontem e enquanto voltava, ouvindo Formation (da Beyoncé), lembrei de uma história que nunca contei pra ninguém: eu me mudei pra Itália em outubro de 2016 (parece que eu tô aqui há 200 anos, mas faz pouco mais de um). Vim cheia de planos e esperando coisas boas e pessoas legais, como óbvio. Em dezembro de 2016 já não aguentava mais morar aqui. 
Poderia citar 1001 motivos pelos quais eu tinha criado tamanha aversão ao lugar que escolhi pra viver mas o que mais me abalava era mesmo o racismo. 
Eu sou negra, não tem como e nem tenho motivos pra negar. Ser negro é difícil em qualquer lugar, entretanto aqui foi o primeiro lugar onde pessoas me destrataram na minha cara por causa da cor da minha pele, sem nem fazer cerimônia. 

Em janeiro deste ano (portanto 3 meses depois da minha mudança) fizemos uma festinha de aniversário pro meu namorado e eu tomei um porre daqueles, homérico! Ao som de Formation, da Beyoncé. Fiz as últimas pessoas presentes naquela reunião ouvirem a música até à exaustão, e eu reclamava de algo que nem eu e nem ninguém ali conseguia entender (tenho pelo menos 5 testemunhas, haha). Poderia ser só mais uma história de uma bebedeira como outra qualquer mas vocês já ouviram Formation? Assim, de verdade e com tradução? Eu não consigo ver o clipe sem chorar. Sério! Essa música me fez ver que eu fui descriminada por ser quem sou mas que não aconteceu (ou acontecerá) só comigo. 
Aconteceu e talvez ainda aconteça com uma artista mundialmente conhecida como é a Beyoncé. Que eu devo me orgulhar da minha raça, do meu cabelo e do meu nariz. Que o problema jamais serei eu (ou você, pessoa negra), e sim quem nos julga e se acha melhor do que nós. Que tenho sim que ser duas vezes melhor que uma pessoa branca em qualquer coisa que eu faça porque a sociedade exige isso de mim, infelizmente; e existem duas opções de resposta ao fracasso e ao sucesso de uma pessoa negra: olha lá essa neguinha, sabia que isso não ia dar certo; essa neguinha é danada, sabia que ia dar certo. É sempre a cor da pele, entendeu? 

Acima de tudo eu aprendi que cada um só dá aquilo que tem dentro de si, e eu não tenho ódio pra distribuir por aí. Vivo aqui, continuarei vivendo até terminar de estudar, e é isso. 








sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

De volta... de novo!



Olá, pessoal (se é que alguém ainda passa por aqui.. hahaha)!

Quantas vezes eu ensaiei essa volta... foram muitas vezes mesmo! Muita coisa aconteceu desde que escrevi aqui pela última vez - última vez de verdade, né? Contando experiências e reflexões e não só explicando os motivos do meu sumiço.

Pois bem, eis que estou aqui novamente e já escrevendo posts pra não deixar o blog no abandono.

Já estamos no final de janeiro mas desejo um 2018 cheio de realizações pra todos nós!

Ah!! Se quiser me ver uma vez por semana em pixels ao invés só de letras, corre no YouTube que estou por lá. O canal nasceu deste blog e tem o mesmo nome, ok?

Beijos e até breve!

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Tô no YouTube!

Eu sumi. Isso aqui é tão bom pra mim como terapia, mas não tá sobrando muito tempo e nem inspiração. Eis que resolvi me aventurar pelo YouTube e aqui está o resultado do primeiro vídeo! Tô super animada :)




Se gostarem, se inscrevam lá! Prometo fazer mais vídeos. Boa semana pra gente!

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Pensamentos soltos... Reflexões... Reticências...

Há quanto tempo não escrevo aqui. Sério!... Tantas coisas aconteceram, tanta coisa mudou, tanta água rolou por debaixo da ponte desde que eu deixei o Brasil no fim de 2014.
Eu ensaiei voltar aqui no começo de 2015 (falhei, fiz um único post desejando feliz ano novo), mais uma vez tentei no início deste ano (saíram só algumas linhas) e agora cá estou eu, novamente, tentando. Afinal, o que é a vida senão uma constante tentativa, né?
Poderia falar de tantos assuntos, dos mais variados temas, mas vou tentar "flanar" pelos principais acontecimentos destes quase 2 anos.

Empaquei porque nem sei por onde começar... (cri cri cri)


Calma, Frank!

Pois bem: eu saí do Brasil por amor. Pura e simplesmente (motivo muito nobre, a meu ver). Reuni toda a coragem que eu tinha guardada e tomei a decisão que iria mudar de vez a minha vida, ponderando prós e contras, e suas possíveis consequências. A ideia era me dividir entre os estudos em Portugal (eu estudo arquitetura) e a nova vida na Suíça (onde eu havia deixado meu coração).
Cheguei ao Porto num dia de chuva, com uma mala enorme onde estavam todos os meus pertences e uma prancheta de desenho. Expectativas eu tinha mil. Não era a minha primeira vez na Europa (muito pelo contrário), não estava esperando para conhecer a pessoa que me fez atravessar o oceano (relacionamento longo), mas estava com um misto de medo e euforia. Eu raramente sinto (ou sentia) medo.

Entre idas e vindas - em todos os sentidos - vivi as quatro estações do ano (mais de uma vez), me decepcionei na vida, no amor, nas escolhas, na falta de escolhas, passei por momentos terríveis e fases igualmente ruins sozinha, recebi ajuda de desconhecidos (que passaram a fazer parte da minha vida) e também de conhecidos que se mostraram próximos e solidários a mim e a minha falta de tato pra saber lidar com certas situações que apareceram,. Tive vontade de voltar pra casa, de recomeçar a vida de onde havia parado mas como diz a música, "eis que chega a roda-vida e carrega o destino pra lá"... Nesse meio tempo também perdi um grande amigo e a morte dele foi um baque pesado, me fez novamente pensar na possibilidade de correr pro ninho. Eu, cujo elogio que mais ouvi na vida foi corajosa, passei a sentir receio e desamparo em tudo. Fiquei completamente fragilizada. Senti na pele o que era ter que decidir e crescer. O tranco foi duro demais. Sabe quando você enche o peito de coragem e caminha pelo escuro, mas de repente ouve um ruído estranho e não sabe por onde andar? Era (ou ainda sou) eu.
Resisti. Engordei. Descontei na comida meus medos, tristezas e só percebi depois. Amei e fui fortemente correspondida (nos erros e nos acertos do amor). Tive dúvidas sobre muitas coisas (inclusive sentimentais) e pensei seriamente que nunca mais encontraria alguém que gostasse de mim novamente (#soudessas, do time do Cazuza, exagerada). Eu - melhor do que ninguém - me conheço bem e sei que não sou fácil; nunca fui; provavelmente nunca serei, mas me doou por inteira quando acredito que existam chances. E eu acreditei. Errei, acertei, mas acreditei.



2015 foi um ano pesado. Chorei como nunca antes na história desse país havia feito. Perdi, aprendi, errei, acertei. Conheci novos lugares, novas pessoas. Dei valor a cada bom momento. Rezei pro ano acabar, e quando acabou juro que uma lágrima (uma não, várias!) caiu de alívio. Eu fecho ciclos com o fim do ano. Tive boas lembranças de 2015 mas na maior parte do tempo foi mesmo uma loucura. Cruzei a barreira do 2016 como quem termina a São Silvestre, sã e salva. Agradeci a Deus por ter minha família longe mas perto no coração, agradeci por ter saúde (eu e todos que fazem parte da minha vida) e tomei um banho de sal grosso, só pra garantir :) 


Nesse momento escrevo de Terra Brasilis, tô aqui por um tempo depois de quase 2 anos. Estou feliz por estar em casa, em família e no colo da minha mãe, me sinto mais calma mas ao mesmo tempo esperando pelo momento de voltar pra minha rotina e pros novos desafios que ainda estão por vir. 
Recentemente me disseram que pra me sentir melhor devo evitar o excesso de "planejamento de futuro" e esse "amanhã vai ser melhor". Acho que faz sentido. Devo viver o aqui e o agora, isso é o presente. 
Seguir em frente é preciso, né? Eu estou tentando todos os dias! 


Paraty, 2016


quinta-feira, 17 de março de 2016

Por onde começar?

Ou em outras palavras: por onde contar tudo o que aconteceu comigo nesses meses de hiato "criativo" do diário?

Pois bem, é coisa demais para falar assim, na bucha, num post só. Como isso aqui serve mesmo é como diário virtual para mim, vou passando a limpo tudo o que vivi e aprendi nesse longo 2014/2015